sexta-feira, 18 de abril de 2008

Para assistir

...E o vento levou

E o Vento Levou (Gone With the Wind, 1939) não é a maior obra-prima do cinema americano, mas é, indiscutivelmente, o filme mais popular produzido em Hollywood em todos os tempos. Passados mais de 60 anos, a história de sua realização é ainda lembrada. Pelos excessos, pelo academicismo e pela capacidade de galvanizar sucessivas gerações de espectadores. Pode-se até dizer que o E o Vento Levou representa o melhor e o pior do cinema: o espetáculo travestido de arte, a grandiloqüência de um sistema de produção, o anonimato como autoria.
Tudo isso e muito mais. Porém, a despeito do glamour do cinema da época, E o Vento Levou tornou-se um patrimônio de valor inestimável. Mais do que uma obra cinematográfica, o filme ganhou estatura de animal mitológico. Seus diálogos são daqueles lembrados na ponta da língua. E a música de Max Steiner é sempre reconhecida nos primeiros acordes. Por trás de tudo, o sonho inquebrantável de um dos maiores fabricantes de sonhos de Hollywood: David O. Selznick. Ou melhor, o gênio do sistema da época de ouro do cinema americano. Foi sob a autoridade deste homem que foi possível a transposição para às telas do romance de Margaret Mitchell. Na sua realização, Selznick despediu e contratou roteiristas e diretores ao seu bel prazer. Scott Fitzgerald e Ben Hecht escreveram trechos do filme, mas o único a assinar foi Sidney Howard. Victor Fleming ganhou o crédito de diretor, mas George Cukor, Sam Wood e o diretor de arte William Cameron Menzies responsabilizaram-se por muitas seqüências.
No entanto, apesar de todo esse entra e sai, de vira e mexe da produção, não se pode dizer que falta coerência ao E o Vento Levou. Muito pelo contrário. Desde a concepção pictórica - amparada num fantástico uso do Technicolor pelos fotógrafos Ernest Haller e Ray Rennahan - às interpretações do elenco coadjuvante, o filme é de um primor absoluto. Mas, o que faz a sua grandeza é, principalmente, a maneira como um passado do país é representado e a cativante dupla de protagonistas, interpretados por Clark Gable e Vivien Leigh. Leigh, que venceu uma batalha entre muitas atrizes para ficar com o papel, faz uma Scarlett O'Hara magnífica. E nem é temerário afirmar: Scarlett O'Hara é uma das mais cativantes personagens femininas da história do cinema. Mimada, manipuladora e instável, ela é o que se pode chamar de uma mulher complexa.
Gable, que faz o aventureiro Rhett Butler, foi uma escolha natural de Selznick. Ele empresta humor e muita testosterona ao seu papel. Mesmo com essa sedução extremada, não dá para fechar os olhos diante de um filme que é também um monumento ao racismo e ao machismo. A Academia assinou em baixo dando a E o Vento Levou nada menos que 10 Oscars (entre eles filme, direção, roteiro, fotografia, montagem, atriz, atriz coadjuvante e direção de arte).

Sinopse: Narra a complicada vida de Scarlet O’Hara (Vivien Leigh), seus amores e desilusões em um período que tem a Guerra Civil Americana como pano de fundo. Clark Gable é Rett Butler, um vivido aventureiro que passa pela vida de Scartlet, em uma relação de amor e ódio marcada por conflitos já clássicos e cenas inesquecíveis de amor. Praticamente o inventor das telenovelas, devido aos conflitos constantes de emoções manifestadas e o romance como tema – não necessariamente por uma outra pessoa, e sim por uma causa, lugar ou qualquer outra coisa que se refira sentimentalmente ao personagem.



Direção: Victor Fleming
Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie Howard, Olivia de Havilland, Hattie McDaniel, Thomas Mitchell, Barbara O'Neil, Evelyn Keyes, Ann Rutherford, George Reeves, Fred Crane, Oscar Polk, Butterfly McQueen, Victor Jory, Everett Brown

Fonte: Nostalgia BR


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