quarta-feira, 2 de abril de 2008

Marilyn and the Camera

"A primeira vez que me encontrei com Marilyn, ela estava dançando com o seu primeiro marido, Jim Dougherty, que foi meu colega de escola. Ele estava de uniforme e chamou-me: "Ei, fora-da-lei! Quero que conheça a minha mulher, Norma Jeane". Olhei para cima a partir da mesa onde me encontrava e vi uma coisa pequenina de cabelos castanhos claros e sorriso doce. Acenamos um "olá". Ela estava completamente curvada sobre o braço dele. Mais ou menos um ano depois, estava eu passeando pela RKO com o realizador Nick Ray quando passamos por uma moça que vestia uns jeans apertados e uma blusa de homem atada com um nó por baixo do peito, mostando a barriga. Nick parou o carro e disse: "Quero que conheças esta miúda... ela está passando uns maus momentos com a protagonista de um filme que está sendo sarcastica com ela". À medida que caminhavamos, ele chamou: "Marilyn, quero que vocês se conheçam. Jane, esta é Marilyn Monroe". O cabelo dela era agora loiro. Nick mostrava-se preocupado, atento e protetor.
Eu acredito que a verdadeira qualidade que fazia a Marilyn diferente dos outros - assim chamados simbolos sexuais - era a sua... vunerabilidade. Todos queriam olhar por ela, ajudar. Ela recebeu proteção de todos menos dos insensiveis, ou daqueles que, claro, queriam um mundo adulto sofisticado, onde todos são responsáveis por si, um mundo de humor corrosivo, um mundo de aproveita-tanto-quanto-dás. Eu estava acostumada a esse mundo, mas a Marilyn podia ficar terrivelmente magoada. Ela simplesmente não conseguia compreender que as pessoas fossem más. Era super sensível - e com razão, considerando o seu passado sem direção e o seu futuro incerto. Marilyn tinha uma sede enorme de conhecimento e auto-aperfeiçoamento. Ela adorava poesia e música e era institivamente atraída pela cultura, por todas as artes, mas o dinheiro e o poder não eram para ser obtidos por coersão; especialmente se aplicados a Marilyn. Ela poderia fugir como uma borboleta. Lembro-me de a ouvir dizer: "Se eles não vão ser justos e simpáticos, posso sempre ir-me embora. Posso passar com muito pouco. Aliás, não é nada que não tenha feito antes". Quando começamos a gravar Os Homens Preferem as Loiras ela teve pela primeira vez o seu camarim de "estrela" de primeira, apesar de já ter sido protagonista em filmes anteriores. Ela estava determinada a fazer com que os seus patrões da Fox a levassem a sério. Trabalhava dia e noite ensaiando as danças ou então, quando havia gravações durante o dia, revia o guião à noite com a sua ensaiadora. Eu chegava a casa exausta e pronta para descansar, mas a Marilyn trabalhava pela noite fora. no dia seguinte chegava cerca de uma hora antes de mim. Estava sempre pronta mas não conseguia ir sozinha para o estúdio de gravação Ficava completamente paralizada. Por uns dias reinou uma certa tensão no estudio - não podiamos fazer Howard Hawks esperar sem que ele nos deitasse um olhar frio como aço! Whitey, o seu maquiador, confidenciou no meu camarim que sentia-a com medo de entrar no estúdio - de enfrentar a "fera", como assim era. Assim, a partir daquele momento, eu parava no seu camarim e dizia: "Vamos loiraça, está na hora. Vamo-nos a eles!". Marilyn olhava-me e num murmúrio de mocinha e dizia: "Oh... ok" e lá iamos nós juntas. Todos a achavamos muito cooperativa, doce e divertida, e quando a câmera rolava ela cintilava. Fisicamente, ela parecia não ter ossos... curvava-se em todas as direções... era como carne ondulante... e apesar disso, uma inocencia de criança estava sempre presente. Se alguém lhe levantasse a voz ou fosse muito ríspido, ela chorava - era certo. Os fotógrafos são as mais gentis das criaturas. Eles tiram o melhor dos seus modelos. É a sua obrigação, senão perdem-nos... e a nossa Marilyn respondia-lhes tal como uma flor se abre para o sol..."

Jane Russel, prefácio de Marilyn and the camera

3 comentários:

Anônimo disse...

ilana! adorei o blog !curto muito as vintages! valeu pelo link!
bjs steve

Anônimo disse...

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Mayara machado disse...

Muito bom ... Adorei seu blog , Amo pin-up